O
boto-cinza (Sotalia guianensis) é um golfinho pequeno, que mede cerca de 2m, de coloração acinzentada clara ou escura que
habita águas quentes da Nicarágua, na América Central, ao litoral de Santa Catarina, no sul do Brasil. Normalmente
a espécie é encontrada em regiões costeiras, em áreas
estuarinas, baías e enseadas. Muitos cearenses antigos já tiveram o
prazer de avistar, de embarcações ou dos espigões da beira-mar,
esses animais saltando no oceano. Mas o quadro não é tão
positiva para a espécie no Brasil e no estado do Ceará.
A
última lista nacional de espécies ameaçadas aponta o boto-cinza
como vulnerável. No Ceará, essa espécie é a que mais sofre com
encalhes. Em Fortaleza, uma população de apenas 41 animais ainda
resiste na enseada do Mucuripe. Hoje, já não são mais tão
frequentes as avistagens desse mamíferos que embelezam o mar da
cidade.
O
boto-cinza sofre bastante com a ação humana. Fatores
como a poluição e contaminação de esgotos; ruídos intensos
causados por dragagens, construções de píers e movimentação de
embarcações; perda de habitat natural devido à criação de
aterros e espigões e frequentes capturas acidentais em redes de pesca são
impactos de difícil reversão e extremamente prejudiciais para a
espécie. Dos animais que habitam o Mucuripe, muitos já apresentam
doenças por causa da péssima qualidade da água; monitoramentos
encontram com extrema frequência animais mortos devido ao emalhe em redes de pesca. Biólogos afirmam que a
situação do boto-cinza no estado é crítica e necessita de
cuidados urgentes.
No
Ceará, a Aquasis se dedica também à conservação dessa espécie. O Projeto Manatí realiza monitoramentos de praia e pesquisas para o levantamento de dados sobre a espécie,
como causas de mortalidade, alimentação, distribuição,
estatísticas de encalhes e regiões críticas, que possibilitam a
criação de políticas de conservação desse animal; equipes de
resgate ficam a postos para a possibilidade de prestar atendimento
veterinário para animais encalhados com vida; e, ainda, campanhas de
educação ambiental e conscientização são realizadas com as comunidades costeiras.
Como
parte desses trabalhos, a Aquasis desenvolveu uma proposta de lei
(aprovada pela câmara em 13 de dezembro de 2012) que garantiu que o
boto-cinza fosse declarado como Patrimônio Natural do Município de
Fortaleza, instituindo o dia 8 de junho (dia dos oceanos) como o dia
do boto-cinza em Fortaleza.
A
intenção é inceitivar a valorização, o carinho e os cuidados do
poder público e da sociedade com a população de botos que vive na
enseada do Mucuripe, que além de atrativo natural para a cidade, é
de extrema importância para a manutenção do equilíbrio ecológico,
garantindo os recursos da pesca dos quais dependem tantos
fortalezenses. Mas, infelizemente, ainda são poucas as pessoas que andam comemorando o dia do boto-cinza.
O Projeto Manatí é patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental. Você também pode ajudar a salvar o peixe-boi, seja um doador!
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