quinta-feira, 29 de março de 2012

Encalhe de golfinhos preocupa equipe do Projeto Manatí

No dia 25 de março de 2012, a equipe do Projeto Manatí registrou o encalhe de um golfinho-climene (Stenella clymene) na Praia de Jericoacoara, no município de Jijoca de Jericoacoara. Quinze dias antes, outro golfinho da mesma espécie havia encalhado na Praia de Parajuru, município de Beberibe. Ambos os animais eram machos adultos e encalharam vivos, porém resistiram por pouco tempo sob os cuidados dos colaboradores locais do projeto. As carcaças foram transportadas para a Aquasis para a realização da necropsia e investigação da causa mortis. 

               O primeiro animal estava em estado nutricional bom, porém foram observadas diversas lesões na necropsia, algumas de caráter crônico. O óbito ocorreu por choque por estresse, mas o animal também tinha gastrenterite severa e pneumonia. O segundo animal estava em situação pior. Havia uma grande perda de peso e o quadro de saúde era mais grave. Também foi identificada uma gastroenterite severa, além de infecção urinária, vários cistos nos pâncreas e hemorragias nas bulas timpânicas. Os dois golfinhos apresentavam infecções variando de moderada a grave por parasitos gástricos e pulmonares.

             


 É possível afirmar que os dois golfinhos estavam infectados por bactérias e/ou vírus ainda não identificados, o que pode tê-los incapacitado de acompanhar o grupo. Além disso, existe a possibilidade de que os impactos sonoros de prospecções sísmicas, que estavam sendo realizadas na região dias antes do primeiro encalhe, possam ter colaborado para uma maior debilidade.  A origem das diversas lesões está sendo investigada, porém exames complementares são necessários para estabelecimento do quadro final.
               Alguns achados comuns aos dois casos levaram a equipe a crer na possibilidade de serem animais pertencentes ao mesmo grupo. O padrão de coloração, com pintas escuras na região ventral, era similar e nunca havia sido observado em outros indivíduos da mesma espécie já resgatados pela Aquasis. Além disso, os dois animais compartilhavam parasitos e lesões similares, o que reforça essa hipótese. A grande distância entre os dois locais de encalhe, de aproximadamente 370km,   e o intervalo de 15 dias entre os eventos, pode indicar que o segundo golfinho resistiu por mais tempo, porém ficou mais debilitado e sob a ação das fortes correntes marinhas.
               O encalhe de golfinhos-climene não é incomum no litoral do Ceará, sendo esta a quinta espécie de cetáceo mais registrada, com 12 indivíduos no total desde 1992. A região nordeste concentra o maior número de encalhes do Brasil. O golfinho-climene é encontrado em aguas tropicais e subtropicais do Oceano Atlântico. Tem preferência por águas quentes, porém ainda sabe-se pouco sobre sua biologia e história natural. O Projeto Manatí, patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental, executa resgates de mamíferos marinhos no estado do Ceará, e é o nó da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Brasil no estado.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Construção do Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos tem conceito sustentável

As obras do novo Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos, uma das ações do Projeto Manatí, foram iniciadas em dezembro de 2011 na Colonia Ecológica do SESC IParana, em Caucaia. O Projeto Manatí é executado pela Aquasis e SESC Ceará com o patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental, e o seu principal objetivo é a conservação do peixe-boi marinho, o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil.
  O conceito da construção foi pensado de forma sustentável desde o início, na concepção do projeto arquitetônico pelos arquitetos Geraldo Magela e Rejane Santana (Projec), priorizando a diminuição dos impactos através do uso de materiais recicláveis ou de baixo impacto, como tijolos e telhas; do tratamento e reutilização da água dos tanques de reabilitação; da captação de água da chuva; e do transplante de árvores nativas localizadas no local da implantação das estruturas.

Os tijolos ecológicos estão sendo fabricados pela própria construtora, Royal Construções Ltda., num processo em que não é necessária a realização da queima, evitando a liberação de gases poluentes no meio ambiente.


 A elaboração do projeto arquitetônico também foi feita de forma a retirar o mínimo possível de árvores do local, realizando o transplante das nativas, como um jatobá de cerca de seis metros de altura, que foi transplantado esta semana.

A previsão para o fim das obras é julho deste ano, assim os peixes-bois que encalharem no CE e RN no fim deste ano, já poderão ser completamente reabilitados na própria estrutura.